BLOG-MUSEU DRAG

Por Joglesson Costa

O Blog-Museu Drag nasceu como o fruto de um projeto monográfico, com o objetivo de  preservar a memória LGBTQIAP+. com enfoque na Cultura Drag do Sertão Goiano. Onde a cena é muito presente, porém ainda vive às margens da sociedade. O Blog-Museu surge como uma nova proposta de apresentar essa cultura e divulgar a mesma para novos públicos.

Blog-Museu Drag é algo que idealizo como uma subversão do museu tradicional em paralelo com a Arte Drag, onde uma pessoa se coloca no full Drag, para expressar a melhor versão de si próprio.

O Blog-Museu Drag passa por essa transformação no exato momento que deixa o conceito de museu normativo para trás, e se encaixa no meio virtual para poder atender mais pessoas que se relacionam com a cultura Drag, que precisa ser salvaguardada e celebrada, como diz Pabllo Vittar, “A gente tem que lutar sim todos os dias, passar nosso blush, nosso glitter e sair na rua. E não ter vergonha do que a gente é.” O Drag acima de tudo é um ato político.

Para melhor entender como funcionará essa tipologia de museu devemos compreender o que é um blog, que é geralmente definido como um site ou parte de um site atualizado com grande frequência, com variados temas. Além de ser um meio de comunicação mais rápido de compartilhar informações e histórias de forma dinâmica.

Existem diversos blogs com variadas ramificações e segmentos, porém aqui irei trabalhar o Blog como um museu destinado a Cultura Drag, ao invés de um site de um museu já existente. A princípio o Blog Museu Drag, surge em meio a pandemia do COVID-19, como forma de transmitir a cultura Drag de forma segura, pensando no bem estar das pessoas e na sua saúde mental.

O museu no formato virtual é inovador e contemporâneo, tendo em vista que, por muito tempo, museus estiveram ligados às mais diferentes tipologias e estilos artísticos que o ser humano desenvolveu ao longo da história, tão antigos quanto à própria concepção de ‘humanidade’ (KIEFER, 2001, p. 12) e consequentemente contemporâneos ao surgimento da arquitetura.

Porém, o próprio conceito de museu tem se mostrado inquietante quanto às estruturas. Vemos que tais instituições vêm extrapolando os limites das paredes do edifício tradicional, abrangendo memórias, povos e territórios distintos. A partir deste ponto nasceu uma perspectiva para a abordagem da cultura Drag, voltada para o campo da Museologia.

Desta forma o Blog-Museu  Drag surge como a concepção de ser um anti-museu, aquele se propõe quebrar as estruturas do acervo dentro do edifício (MONTAGNER, 2003, p. 110). Entendo o Blog-Museu  Drag como um museu virtual, sob os pilares da definição de antimuseu (MONTAGNER, 2003; GROSSMANN, 1991).

Ao contrário do entendimento literal, um antimuseu não nega ser um museu, mas rompe com as estruturas tradicionais ortodoxas entre paredes de uma instituição, a crise da “caixa”, onde o acervo não cabe somente em um espaço, o antimuseupermite que a pessoa experiencie e tenha fruição pela sua inserção sem fronteiras rígidas. O museu é o blog, no ciberespaço. O acervo é o cotidiano das artistas, neste caso o esquecido. Nesse caso o antimuseu é dinâmico e representativo, ele vai além da caixa para narrar histórias jamais abordadas em um ambiente normativo.

Link e QR Code do Blog-Museu Drag | Fonte: https://www.blog-museudrag.com/

Desta forma o blog-museu drag está aqui presente para narrar e apresentar histórias, esquecidas e silenciadas pela sociedade, Portanto, para que o Blog-Museu Drag tenha aura de um museu é necessário que o mesmo possua alguns procedimentos museológicos, desta forma foi desenvolvida e planejada a cadeia operatória do Blog-Museu Drag, baseado e inspirado nos trabalhos de Cristina Bruno (2020).para apresentarmos da melhor forma possível uma pela exposição.

Após apresentar o Blog-Museu Darg, aqui está uma pequena amostra da exposição que está sendo apresentada  no Museu, ela foi desenvolvida com conjunto com artistas Goianas, que vivenciam a cena Drag na Grade capital e sabe como é difícil manter a cultura viva porém estão sempre na luta.

Colagem de fotografias com as Drags da cena Goiana. | Colagem desenvolvida pelo autor.

Na exposição apresentada cada convidada relata um pouco sobre suas vivências, apresenta sua drag e aborda os desafios enfrentados para manter a arte Drag viva, em um cenário que é visto como predominantemente sertanejo.

Referência

BRUNO, Maria Cristina Oliveira (Org.). Waldisa Rússio Camargo Guarnieri: Textos e Contextos de uma Trajetória Profissional. São Paulo: Pinacoteca do Estado: Secretaria de Estado da Cultura: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus, 2010. Colaboradores Marcelo Mattos Araújo, Maria Inês Lopes Coutinho

GROSSMANN, Martin. O Anti-museu. Revista de Comunicações e Artes, São Paulo, v. 24, p. 5-20, 1991. Disponível em http://www.forumpermanente.org/revista/numero-1/museu-ideal/martin-grossmann/o-anti-museu#_ftnref18. Acessado em 20 de fevereiro de 2023.

HENQUIQUES, Rosali Maria Nunes. Memória, museologia e virtualidade: um estudo sobre o Museu da Pessoa. Dissertação de Mestrado em Museologia. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, 2004. Disponível em https://www.museologia-portugal.net/projectos-de-investigacao/dissertacoes-mestrado-msc-2o-ciclo-concluidas . Acessado em 20 de fevereiro de 2023.

KIEFER, Flávio. Arquitetura De Museus. Revista ARqtexto,n.1,p.12-25, 2001.

MONTANER, Josep. Museus para o século XXI. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2003

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